quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A EXATA CONCEITUAÇÃO DE “ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL”.

Podemos definir a Escola Bíblica Dominical, como a escola de ensino bíblico da Igreja do Senhor, que evangeliza enquanto ensina, conjugando assim os dois lados da comissão de Jesus à Igreja, conf. Mt. 28.20 e Mc. 16.15. Ela não é uma parte da Igreja; é a própria Igreja ministrando ensino bíblico metódico. A Escola Dominical é um ministério pessoal para alcançar crianças, jovens, adultos, a família, a comunidade inteira, tal como fazia a Igreja nos tempos apostólicos. Ela é a única escola de educação religiosa popular que a Igreja dispõe. A Escola Dominical devidamente funcionando, é o povo do Senhor, no dia do Senhor, estudando a Palavra do Senhor, na casa do Senhor.

a. A Escola Dominical existe para ministrar a pequenos e a grandes, ensino religioso segundo a Palavra de Deus, e isto de maneira pedagógica e metódica, como é de se esperar de uma organização que leva o nome de escola. Sendo o ensino na Escola Dominical um ministério pessoal, o verdadeiro professor de classe está sempre mais chegado a seus alunos na igreja, do que qualquer outro obreiro da mesma, inclusive o pastor. Logo, uma Escola Dominical devidamente organizada, cuja direção e professores são espirituais e idôneos, treinados para o ensino bíblico, e equipados com literatura e meios apropriados, é um poderoso e eficiente ministério pessoal para alcançar a todos na igreja, na família e na comunidade.

b. O ensino das doutrinas e verdades eternas da Bíblia, na Escola Dominical, deve ser pedagógico e metódico como numa escola, sem, contudo deixar de ser profundamente espiritual.

c. A Escola Dominical também coopera eficazmente com o lar na formação dos hábitos legítimos e cristãos, práticas e deveres sociais e bíblicos, resultando daí a formação do caráter ideal, segundo os princípios genuínos do cristianismo.

d. A escola secular instrui e contribui para a formação de bons hábitos, mas não promove a educação do caráter genuinamente cristão. Ela visa com prioridade o intelecto do aluno. Já a Escola Dominical, sendo genuinamente bíblica, educa e instrui, mediante o ensino da Palavra, visando prioritariamente o coração do aluno. A ordem divina vista em Hebreus 10.16 não deve ser alterada; coração e mente, e não ao contrário. A Escola Dominical evangeliza enquanto ensina.

e. A Escola Dominical, quando devidamente aparelhada, é de fato a agência de formação religiosa popular das igrejas evangélicas. É aí que as crianças desde a mais tenra idade, os adolescentes e os adultos, ao receberem o ensino sadio e inspirador das Escrituras, são todos beneficiados: as crianças recebem formação moral e espiritual, os adolescentes formam sua personalidade cristã e os adultos renovam suas forças morais e espirituais para uma vida cristã, sempre frutífera e abundante.

f. Neste artigo procuraremos ressaltar o valor, o objetivo, a necessidade e os resultados da Escola Dominical.

A HISTÓRIA DA ESCOLA DOMINICAL

A Escola Dominical tal como a temos hoje é uma instituição moderna, mas tem suas raízes aprofundadas na antiguidade do Velho Testamento, nas prescrições dadas por Deus aos patriarcas e ao povo de Israel. A Escola, como a temos hoje não havia então, mas havia o princípio fundamental - o ensino bíblico determinado por Deus aos fiéis e aos estranhos ao seu redor. Sempre pesou sobre o povo de Deus a responsabilidade de ensinar a lei divina.

I. NOS DIAS DE MOISÉS.

Examinando o Pentateuco, vemos que no principio, entre o povo de Deus, eram os próprios pais os responsáveis pelo ensino da revelação divina no lar. O lar, então, era de fato uma escola onde os filhos aprendiam a temer e amar a Deus (Dt. 6.7; 11.18,19).

Havia também reuniões públicas de que participavam homens, mulheres e crianças aprendendo a lei divina (Dt. 31.12.13).

II. NA EPOCA DOS SACERDOTES, REIS E PROFETAS DE ISRAEL.

Os sacerdotes, além do culto divino, tinham o encargo do ensino da Lei (Dt. 24.8; 1Sm 12.23; 2Cr. 15.3; Jr. 18.18).

Os sacerdotes eram intermediários entre o povo e Deus, assim como os profetas eram intermediários ente Deus e o povo.

Os reis de Judá, quando piedosos, aliavam-se aos sacerdotes na promoção do ensino bíblico. Temos o exemplo no bom rei Josafá que enviou líderes levitas e sacerdotes por toda a terra de Judá para ensinarem ao povo a Lei do Senhor (2Cr. 17. 7-9).

III. DURANTE O CATIVEIRO BABILÔNICO.

Nessa Época, os judeus no exílio, privados do seu grandioso templo em Jerusalém, instituíram as sinagogas tão mencionadas no Novo Testamento. A sinagoga era usada como escola bíblica, casa de culto e escola pública. “As sinagogas eram casas de ensino tanto para crianças como para adultos”.

Na sinagoga a criança recebia instrução religiosa dos 5 aos 10 anos de idade; dos 10 aos 15 anos, continuava a instrução religiosa, agora com o auxílio dos comentários e tradições dos rabinos. Aos sábados, a principal reunião era matutina, incluindo jovens e adultos.

IV. NO PÓS-CATIVEIRO

Nos dias de Esdras e Neemias, lemos que quando o povo voltou do cativeiro, um grande Avivamento espiritual teve lugar entre os israelitas. Esse despertamento teve origem numa intensa disseminação da Palavra de Deus e incluiu um vigoroso ministério de ensino bíblico. É dessa época que temos do primeiro movimento de ensino bíblico metódico popular similar ao da nossa Escola Dominical de hoje.

No capitulo 8 do livro de Neemias dá um relato de como era a escola bíblica popular de então - ou como chamamos hoje: Escola Dominical. Esdras era o superintendente (Ne. 8.2); o livro - texto era a Bíblia (v..3); os alunos eram homens, mulheres e crianças (v.3; 12.43). Treze auxiliares ajudavam a Esdras na direção dos trabalhos (v.4) e outros treze serviam como professores ministrando o ensino (vv.7,8). O horário ia da manhã ao meio dia (v.3). Afirma o versículo 8 que os professores liam a Palavra de Deus e explicavam o sentido para que o povo entendesse.

O resultado desse movimento de ensino da Palavra foi a operação do Espirito Santo em profundidade no meio do povo, conforma atesta o capitulo 9 e os subsequentes do livro de Neemias. É o cumprimento da promessa de Deus em Isaías 55.11.

V. NOS DIAS DE JESUS

A. Jesus foi o Grande Mestre, glorificando assim a missão de ensinar. Das 90 vezes que alguém se dirigiu a Cristo nos Evangelhos, 60 vezes Ele é chamado de “Mestre”. Grande parte do ministério de nosso Senhor foi ocupado com o ensino (ver Mt. 4.23; 9.35; Lc. 20.1). Sua última comissão à Igreja foi “Ide e ensinai”, (Mt. 28.19,20). Sua ordem é clara.

A quem e onde Jesus ensinava?

· Nas sinagogas (Mc. 6.2).

· Em casas particulares (Mc. 2.1; Lc. 5.17).

· No templo (Mc. 12.35).

· Nas aldeias (Mc. 6.6).

· Às multidões (Mc. 6.34).

· A pequenos grupos e individualmente (Lc. 24.27; Jo caps. 3 e 4).

B. O ministério de Jesus era tríplice: Ele pregava, ensinava e curava. Era, pois, um ministério de poder, de milagres. Pela pregação Ele anunciava as boas-novas de salvação; pelo ensino, edificava a fé dos que criam, e pelos milagres, manifestava seu poder, sua divindade e glorificava ao Pai. Esse mesmo ministério tríplice foi ordenado e confiado à Igreja (Mt. 28.19; Mc. 16.15,18).

C. Seus apóstolos também ensinavam (Mc. 6.30b; At. 5.21).

D. Aplicação. É evidente que se a Igreja de hoje cuidasse devidamente do ensino bíblico junto às crianças e novos convertidos, teríamos uma Igreja muito maior. Pecadores aos milhares convertem-se, mas poucos permanecem porque lhes falta o apropriado ensino bíblico que lhes cimenta a fé. Falta-lhes raiz ou base espiritual sólida e profunda. A planta da parábola morreu, não porque o sol crestou-a, mas, principalmente porque não tinha raiz (Mt. 13.6).

VI. NOS DIAS DA IGREJA

A. Após a ascensão do Senhor, os apóstolos e discípulos continuaram a ensinar. A Igreja dos dias primitivos dava muita importância a esse ministério (At. 5.41,42).

B. São Paulo, um grande mestre, foi maravilhosamente usado por Deus nesse mister. Ali tanto há alimento para adultos como para criancinhas espirituais. Ele e Barnabé, por exemplo, passaram um ano todo ensinando na Igreja em Antioquia (At. 11.26). Em Éfeso, ficou três anos ensinando (At. 20.20,31). Em Corinto, ficou um ano e seis meses (At. 18.11). Seus últimos dias em Roma foram ocupados com o ensino da Palavra (At 28.31).

C. Mais tarde vemos que a marcha do ensino bíblico na igreja sofreu solução de continuidade, devidos a males que penetram no seio da mesma. Houve calmaria. A igreja ficou estacionária. Ganhou fama mais perdeu poder. Abandonou o método prescrito por Jesus: o de pregar e ensinar. Sobrevieram a seguir as densas trevas espirituais da idade Média.

D. Muitos séculos depois veio a Reforma Religiosa e com ela a imperiosa necessidade de ensino bíblico para instruir os crentes, consolidar o movimento e garantir sua prossecução. Os líderes da Reforma dedicaram especial atenção ao preparo de livros de instrução religiosa, bem como reuniões destinadas a esse mister. Eles sabiam que o trabalho não consistia somente em pregar, mas também em instruir espiritualmente.

E. Tanto o pregador como o professor, usam a Palavra de Deus, mas os ministérios são diferentes. O pregador anuncia ou expõe o Evangelho, a Palavra de Deus. Assim ele lança a rede a as almas perdidas as almas são ganhas por Jesus. Já o professor, sua missão é instruir, simplificar as verdades bíblicas, ilustra-las, dissecar o texto bíblico e repetir sempre até que todos entendam as verdades que deseja transmitir. O professor da Escola Dominical deve lembrar-se que ensinar não é pregar. Diante de sua classe, ele não é orador, sim professor.

F. A Igreja de hoje nunca deverá esquecer a amarga e desastrosa experiência resultante do descuido e abandono da instrução religiosa das crianças nos tempos que precederam a tenebrosa Idade Media

A ESCOLA DOMINICAL HOJE NAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS

“As manhãs de domingo são normalmente ocupadas pelo estudo sistemático da Palavra de Deus em classes para crianças, adolescentes, jovens, adultos e novos convertidos, utilizando-se as Lições Bíblicas publicadas a cada três meses pela Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD). Nossa Escola Dominical oferece aos crentes a oportunidade para amadurecer espiritualmente, compartilhar experiências e necessidades, e praticar a comunhão uns com os outros.”

Texto Adaptado pelo pastor Gildásio Bispo em 18/12/2008.